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VINDE A MIM TODOS OS QUE
ESTÃO ATRIBULADOS E SOBRECARREGADOS E EU OS ALIVIAREI
“Vinde aqui!” Pois ele supõe que os que estão atribulados e
sobrecarregados sentem a carga muito pesada, o trabalho muito pesado, e que
diante dessa situação estão perplexos e almejosos; um olha por toda parte ao
redor, a fim de enxergar um socorro, o outro inclina os olhos para os céus,
porque não encontrou nenhum alívio, um terceiro olha de hora em hora para cima,
pois talvez viria do céu - Estão todos buscando! – Por isso disse ele “Vinde
aqui!”, pois ele, ele que convida, sabe que precisamente pertence ao verdadeiro
sofrimento o ausentar-se para longe de si mesmo e inquietar-se em quieto
desconsolo, sem ter o ânimo de confiar em nada, e muito menos ter a confiança
de esperar ajuda. Ai! Não somente aquele indivíduo demoníaco foi possuído por
um espírito mudo; todo padecimento que não gera emudecimento
ao que sofre, significa muito pouco, tão pouco como o amor que nos faz
silencioso; os doentes cuja língua solta
esparrama aos quatro ventos sua história de sofrimento, não estão nem
atribulados nem sobrecarregados. Vede, por isso o que convida não se aventura
em esperar que os atribulados e sobrecarregados venham a ele, entretanto, os
chama amorosamente; e entretanto não serviria de nada toda sua presteza em
ajudar se não dissera aquela palavra da mesma forma como disse num primeiro
momento, pois enquanto ele grita esta palavra (“Vinde a mim”), já está vindo a
eles. Oh humana compaixão!, talvez sejas as vezes respeitável domínio de si,
talvez também as vezes sejas verdadeira e íntima compaixão, quando renuncias a
perguntar a aquele que suspeitas que vive e padece um sofrimento oculto;
entretanto, quantas vezes não se deve isto a uma certa prudência, que não
deseja intrometer-se excessivamente? Oh humana compaixão! Quantas vezes era só
curiosidade e não compaixão, quando ousavas intrometer-se no segredo de um
doente, e com que frequência não sentiste como uma moléstia, quase como um
castigo de tua curiosidade, que ele aceitara o convite e veio a tí! Entretanto,
aquele que disse esta palavra libertadora “Vinde!”, não engana a si mesmo ao
dizer esta palavra, ou tampouco enganará a ti, se vens a ele para encontrar descanso
deixando nele tua carga. Ele segue o impulso do seu coração ao dizer esta
palavra, e seu coração segue a palavra – se tú segues a palavra, ela então te
acompanhará, novamente retornando para o seu coração; é uma consequência, um
segue o outro – Oh se tú somente quisesse seguir o convite! “Vinde aqui!” Pois
ele supõe que os que estão atribulados e sobrecarregados estão muito cansados e
forçados, próximos da inanição, que como o letargo, voltou a ouvir que existe
um consolo. Ai! Ele sabe que é demasiadamente certo que não há nenhum consolo e
nenhuma ajuda, se não se busca junto dele, e por isso tem que chamá-los:
“Vinde!” .
“Vinde aqui!” Já que toda sociedade tem certamente um símbolo ou outra
coisa pelo qual distingue a quem pertence a ela; e quando a mulher está
adornada de certa forma peculiar se sabe que vai ao baile: vinde aqui todos os
que estão atribulados e sobrecarregados. “Vinde aqui” Tú não necessitas levar o
sinal distintivo no exterior e sensível; vem somente com a cabeça ungida e o
rosto limpo, quando meramente no interior estais atribulados e sobrecarregados.
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“Vinde aqui!” Não te deseja parado ou tampouco meditando, pensa que por
cada momento que estás parado depois de ouvir o convite, ouvirás no momento seguinte
sua chamada mais débil e que assim se te afasta, por mais que permaneças perto.
“Vinde aqui!”. Oh! Por muito cansado e fatigado que estejas de trabalhar, ou de
longe, longe, até agora inútil caminhar em busca de ajuda e redenção; onde
estejas em situação de não poder dar uma passo a mais, nem sequer se sustém já
por um instante sem que desmaies: Oh!dá um passo somente, aqui há descanso!
“Vinde aqui!” – Ai! Se existisse apenas um , que fosse tão desgraçado que não
pudesse vir - oh! Um suspiro basta; pois se suspiras por ele, também isto
significa vir a ele.
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