Primeira Parte
Vinde a Mim Todos os que Estão Atribulados e Sobrecarregados, Que eu os Aliviarei
Para Despertamento e Interiorização
Procul, o procul
est profani.
Invocação
Certamente se tem feito dezoito
séculos desde que Jesus Cristo andou pela terra; entretanto, este não é de
nenhuma maneira um sucesso como os demais sucessos, os quais, depois que
passados, entram para a história, e então, depois de muito tempo chegam ao
ouvido. Não, sua presença aqui na terra jamais é algo passado, e muito menos é
algo cada vez mais distante, acontecido – no caso de que haja fé na terra, pois
se não há, nesse mesmíssimo instante também a fazer muito tempo que ele viveu –
pelo contrário, assim como se dá um crente, este deve enquanto tal – de outro
modo nunca teria se convertido em crente – haver sido sempre e permanecer
enquanto tal contemporâneo com a sua presença como o foram aqueles
contemporâneos; esta contemporaneidade é a condição da fé, e dito com maior
exatidão, é ela mesma.
Senhor Jesus Cristo, concede-nos
que nós mesmos também sejamos contemporâneos contigo, que te vejamos em tua
autêntica forma, e no contorno real, como quando passaste pelo mundo; não na
figura em que se tem deformado uma representação vazia e que não diz nada, ou
irreflexivo-fantástica ou histórico-verborrágica, que não é a figura da
humilhação que te contempla o crente, nem pode ser de modo algum a de
majestade, que nada te tem visto, todavia, que possamos ver como é e era e será
até sua volta em majestade, como o sinal de escândalo e objeto de fé, o homem
insignificante e sem dúvida alguma, o salvador e redentor do gênero humano, que
por amor desceu à terra para buscar os que se haviam perdido, para padecer e
morrer, que não obstante, entristecido – ai! A cada passo que deste sobre a
terra, cada vez que chamaste os sobrecarregados, sempre que estendeste tua mão
para fazer um sinal ou um milagre, e sempre que sem mover sequer a mão
padeceste indefeso a oposição dos homens – tiveste que repetir sem cessar: Bem
aventurado ao que não se escandaliza de mim. Que te vejamos assim, e que assim
não nos escandalizemos de ti!
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