terça-feira, 3 de março de 2015

Sobre a Bíblia


Acredito que o problema da bíblia, para muita gente, consiste em sua aplicação política: as cruzes nas repartições públicas e os juramentos públicos com a mão na bíblia são bons exemplos disso. Isso gera um mal estar social tanto pela bíblia, quanto pelas fés que a professam, pois indica privilégios de uma parte parte da população em detrimento de outra. Se pensarmos numa sociedade hegemonicamente monoteísta (como já foi o caso de muitos povos por ai) a aplicação política da bíblia não seria um problema em si, mas sim sua interpretação (veja, a Reforma foi um produto evidente disto). Mas não, não vivemos mais numa sociedade religiosamente hegemônica: sendo assim, a interpretação da bíblia deixou de ser um problema, para ela mesma ser o problema (socialmente falando).

Outra coisa importante: acredito que implicação mitológica do texto seja a que menos pese para sua credibilidade (ou ausência dela). Podemos deixar de ser religiosos, mas mitológicos isso é uma coisa que nenhum homem, de nenhuma época poderá deixar de ser. Até mesmo a ciência, ao mudar de paradigma, demonstra o seu caráter mitológico. O real é ambiguo por natureza, isto porque estamos inseridos nele, sendo assim, toda interpretação sobre o real será parcial e condicionada a fatores sociais, tradição, e etc. A bíblia não está ausente disso, assim como a constituição e os livros de história.

Sendo assim, devo concluir: sou totalmente a favor da bíblia enquanto livro de fé e moral particular, mas não de fé e moral públicas. Por fim, quero fazer um pequeno comentário ao post em si: evidenciar as séries de violências presentes nos textos bíblicos para desmerecê-lo é burrice (desculpe a expressão): Nietzsche no Anticristo já criticava isso por uma questão simples: Os hebreus eram um povo muito insignificante seja em número, seja em aparato militar, comparado aos povos que eles supostamente destruíram. Mas a literatura faz isso: serve para gerar um passado de glória a um povo que não tem glória nenhuma. Então, esse negócio de genocídio, estupro, matança de inocente, era uma forma que um povo semi- nômade encontrou para estar em pé de igualdade com as civilizações com quem interagia e assim garantir respeito e conseguir sobreviver. Por sim, na antiguidade você podia ser um merda, mas se sua família tivesse história, jamais iriam tocar em você.

Extraído de um diálogo na internet.

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