domingo, 20 de julho de 2014

O Eterno e o Transitório

Imagine.
Você está num avião. 
Confortavelmente sentado em sua poltrona. 
Pensando em seu destino, planejando no que irá fazer ao chegar lá. 
Enquanto isso aproveita a viagem. 
Alguns gostam de olhar as nuvens, outros por vertigem, preferem ler, ouvir música ou dormir.
Dentro de algumas horas, como planejado, tudo estará bem.
Inesperadamente um problema sério nos motores. Para evitar o pânico, belas aeromoças avisam que se trata de algo simples, fácil de resolver, que não há motivo para se preocupar.
O avião está caindo.
E você também.
Lentamente envelhecendo, e nem ao menos se dá conta disso.
Chega um momento em que é impossível deixar de notar, onde o tempo é curto e a distância que se tem do chão é mínima.
Em milésimos de segundos, instantaneamente você estará clinicamente morto.
Não dá pra pensar ou fugir. Contudo é impossível ignorar olhar para o chão.
Quando se torna impossível evitar o rumo ao desconhecido, olhamos para trás em busca de algum significado para o que virá.
Talvez isso seja o amor.
Conferir valor absoluto ao que está destinado a acabar com a morte.
Fazer eterno o que é transitório.
Uma espécie antecipada de saudade.
Seja quando falamos de Deus ou qualquer espécie de relacionamento.
E não há valor algum, entre o amor e a morte, que supere o da beleza.
Belo é portanto o transitório que se torna eterno, que é amado.
Mas não pode haver beleza sem uma certa visão.
Talvez se justifique por esse motivo o acentuado valor que conferimos à imagem nos dias de hoje.
Rubem Alves escolheu os jardins, as jabuticabas, a terra e o povo simples do interior e as crianças. E por eles se inspirou a exortar os homens da cidade à simplicidade.
Vai deixar saudade!

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